ANA CAROLINA PONTES COSTA – TRAJETÓRIAS SOCIAIS DE JOVENS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE DESLIGAMENTO POR MAIORIDADE EM ABRIGOS INSTITUCIONAIS

Postado por: Fabiano Antonio dos Santos

RESUMO

Com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 as instituições de abrigamento de crianças e adolescentes tiveram que se reorganizar para um atendimento mais humanizado, garantindo e oferecendo um ambiente de respeito e dignidade, bem como promovendo condições necessárias para uma vida autônoma posteriormente ao processo de institucionalização. No que se refere ao desligamento institucional, historicamente as legislações determinaram que o adolescente ao completar a maioridade civil deveria ser desinstitucionalizado e apto a viver sem o respaldo do Estado. As histórias de vida destes adolescentes, muitas vezes, permanecem silenciadas, guardadas em seus prontuários e em suas memórias. Afinal, o que acontece com estes jovens? Como estas pessoas são reinseridas no convívio social, levando-se em conta o contexto familiar, social e econômico que antecedeu o processo de abrigamento? E aquelas que passaram vários anos institucionalizadas, o que fazem de suas vidas quando saem dos abrigos? Nesta direção, esta pesquisa teve como objetivo analisar a trajetória social de jovens que viveram em abrigos institucionais, sendo posteriormente desligados por maioridade, tendo como ênfase as condições socioeconômicas e culturais, vivenciadas por eles. A abordagem teórico-metodológica assumida nesta obra é composta por Pierre Bourdieu, Erving Goffman e Donald Woods Winnicott, buscando a contribuição de cada autor na compreensão do universo pesquisado. Assim, na apreensão das histórias de vida dos sujeitos desta pesquisa foi utilizado como procedimento metodológico a entrevista semiestruturada, que permitiu dar voz as suas histórias através dos relatos orais. Os resultados indicaram que os jovens experimentaram lacunas e fragilidades nos percursos pessoais, vivenciando as mais duras formas de injustiça social. O processo que envolve o desligamento foi vivido por eles com muita ambiguidade, pois por um lado, significou o exercício da capacidade de escolha com mais liberdade e por outro lado, o desligamento, gerou novas angustias frente a perspectiva de uma vida fora da instituição.

Palavras-chave: Acolhimento Institucional. Desabrigamento. Vulnerabilidade Social.

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