MÁRCIA CRISTINA CAPISTRANO DA ROSA – Do letramento à formação de atitude leitora e produtora de texto por meio dos gêneros textuais: uma prática possível na educação infantil?

Postado por: Gilmar Lossa

RESUMO

Ao pensar uma educação infantil que prioriza a aprendizagem por meio do sentido e significado, apropriando-se da cultura escrita como função social, mesmo que de forma não convencional, temos a condição de conceber a criança pequena como sujeito de direito atuante em seu meio cultural. O presente estudo teve por objetivo geral discutir como os gêneros textuais chegam até as crianças pequenas da educação infantil e qual o papel da instituição escolar nesse processo. Quanto aos objetivos específicos, buscamos: compreender as diferentes fontes de conhecimento sobre os gêneros textuais mostrados pelas crianças, bem como entender a relação entre seu uso, o processo de letramento e a formação de atitude leitora e produtora de textos. Para subsidiar nosso trabalho, utilizamos autores da teoria histórico-cultural, além de alguns trabalhos inspirados em Bakhtin (2003) e seus estudiosos – Faraco (2009), Marcuschi (2002, 2008) e Silva (2011), suplantando práticas tradicionais, buscando entender a criança como sujeito de direito que tem vez, voz, e portanto o direito de ser ouvida na elaboração do trabalho pedagógico. O interesse pela temática surgiu na formação acadêmica e profissional que nos instigou a entender as várias acepções da temática. Temos vivenciado um momento de transição entre os termos (letramento e crianças leitoras e produtoras de texto), que nos levou a questionar a maneira como a cultura escrita é aplicada na educação infantil. Nosso procedimento de pesquisa consta de levantamento de produção, entrevistas informais com as crianças em pequenos grupos, entrevistas informais e formais com as professoras, de observações participantes e escritas de notas de campo. Tais entrevistas foram gravadas em áudios, aplicando, assim, o estudo de caso etnográfico. Com os dados coletados, pudemos fazer uma comparação qualitativa entre as duas professoras no que diz respeito à concepção profissional face ao letramento, aos gêneros textuais e à formação de atitude leitora e produtora de textos. Ao término da presente pesquisa, constatamos que as concepções das docentes apresentam alguma dubiedade sobre como desenvolver na sala de aula atividades que fomentem a compreensão e o entendimento dos termos. Percebemos que os gêneros textuais reconhecidos pelas crianças foram apresentados, em sua maioria, pela família, reduzidos a livros de “historinhas”, também utilizados como material de trabalho no ambiente escolar. Concluímos da pesquisa, além da necessidade, para uma real compreensão da criança, de se entender os estereótipos tradicionais de preparação, avançar para outra etapa. É urgente entender que a criança precisa ser vista como sujeito sócio-histórico-cultural, processo que lhe garante a apropriação do bem cultural por meio de múltiplas linguagens, dentre elas a escrita. Esperamos que o debate aqui articulado promova um entendimento junto aos docentes que prime por uma práxis reflexiva no que diz respeito às práticas da cultura escrita na educação infantil.
Palavras-chave: Letramento. Gênero textual. Criança pequena. Pesquisa com crianças. Formação de leitores e produtores de texto.