CRISTIELLY CAMPOS DA SILVA – As implicações das avaliações externas sobre a organização e seleção dos conteúdos escolares

Postado por: gabrielaosinaga

RESUMO
A avaliação externa tem se tornado central nos debates das políticas públicas educacionais justamente por sua relação entre o que é considerado qualidade da educação e as formas de sua mediação. Desta forma, uma das principais estratégias das políticas contemporâneas é a associação entre qualidade educacional, avaliação externa e a escola que, por sua vez, passa a ser o centro das ações. Nesse aspecto, é importante considerarmos a funcionalidade que o conceito de qualidade tem sido ofertado via documentos internacionais para a educação. Considerando o exposto, a proposta desta pesquisa buscou compreender os impactos que a avaliação externa causa na seleção e organização de conteúdos em escolas do município de Corumbá-MS. Os objetivos específicos foram analisar as prioridades que o professor estabelece ao organizar, selecionar e transmitir os conteúdos escolares; Identificar e discutir qual a concepção de qualidade/avaliação vem sendo defendida nas políticas educacionais contemporâneas propostas pela UNESCO e Banco Mundial; Refletir sobre as implicações das recomendações dos Organismos Internacionais na nova agenda 2015 para as políticas de avaliação no cenário nacional. Para tanto, a pesquisa investigou três escolas do município de Corumbá-MS, selecionadas a partir da indicação da Secretaria de Educação (do ano de 2015), cujos critérios foram: uma escola com boa avaliação no IDEB, que se encontre na periferia; uma escola com boa avaliação, que se encontre na região central da cidade; uma escola considerada pela secretaria como modelo de gestão, de trabalho pedagógico, mas que não tem atingido bons resultados nas avaliações nacionais e locais. As informações foram coletadas por meio de entrevistas semiestruturadas com os professores das disciplinas avaliadas na Prova Brasil (português e matemática dos quintos anos), diretores e coordenadores pedagógicos das escolas pesquisadas e, por meio de análise de documentos (nacionais e internacionais) que tratam da recomendação de políticas de avaliação em larga escala, aprendizagem e melhoria da qualidade da educação. Concluímos, com esta pesquisa, que as políticas educacionais contemporâneas adotaram estratégias de convencimento sob a qualidade da educação como discurso fundamental para gerar adesão e tomadas de decisão. Essas propostas que visam priorizar os índices como parâmetros que definem a qualidade da educação, acabam por implementar ações diretamente no chão da escola. Com isso, é possível afirmar que o consentimento nas escolas pesquisadas está se efetivando, pois aos poucos as mesmas passam a encaminhar ações para atender as recomendações e atingir a qualidade da educação apontada através dos índices. Os professores, no que lhes concerne, não se percebem nesse processo e acabam perdendo sua autonomia no momento de selecionar e organizar os conteúdos escolares. Na intenção de atender e ofertar a qualidade traduzida em índices mensuráveis, duas escolas acabam treinando os alunos, organizam seus conteúdos baseados nos descritores das avaliações que compõe o IDEB, enquanto a terceira priorizou conteúdos que consideram relevantes socialmente, como a alfabetização, e que, por este motivo, não tenha obtido resultados expressivos, demonstrando claramente não estar preocupada com a preparação para a avaliação externa.
Palavras-chave: Qualidade da Educação. Políticas Educacionais. Avaliação Externa.