RESUMO

Esta pesquisa traz um retrato de três leitores altamente escolarizados, buscando mostrar como foram suas relações com a leitura, desde o acesso aos materiais escritos, quem proporcionou a relação com esses materiais e quais tipos de leitura foram ou têm sido mais frequentes em seu cotidiano. Procura-se revelar quais peculiaridades compõem os processos de letramento (SOARES, 1998, 2005; KLEIMAN, 1995) formação do leitor (BRITTO, 2003; RIBEIRO, 2004) e de apropriação dos bens materiais por sujeitos das camadas populares e médias, observadas as restrições de acesso, veladas ou eventualmente explícitas, conforme discussão do primeiro capítulo da dissertação. Para tanto, investiga-se o papel que as bibliotecas públicas e/ou os acervos particulares a que esses sujeitos tiveram acesso desempenharam em sua formação, a composição desses acervos, o modo como se deu a apropriação simbólica desses locais e qual a concepção que esses sujeitos têm de leitura. Na análise dos dados, buscou-se interligar os pontos comuns e os divergentes de cada história e, por meio de categorias de análise pertinentes às características constitutivas de um leitor em relação ao capital cultural e suas respectivas ou possíveis formas de acesso (BOURDIEU, 2007; LAHIRE, 2004), refletimos sobre as características que constituem esses leitores. A pesquisa evidenciou que as formas de acesso aos materiais escritos, as motivações a/para determinadas leituras e a função atribuída à leitura vão-se modificando conforme os interesses e as demandas cotidianas se transformam. Ponderando os três casos, podemos afirmar que as escolhas das leituras são múltiplas e variadas e as formas de acesso aos bens culturais têm estreita relação com as condições financeiras dos sujeitos.

Palavras-chave: formação de leitores; representações sobre leitura; identidades leitoras nas camadas médias e populares.

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