LUCIANA XAVIER LIMA – A implantação do PROJOVEM adolescente no município de Corumbá – MS
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi analisar a implantação do Projovem Adolescente no município de Corumbá (MS), assim como promover o entendimento sobre as políticas públicas para a juventude, principalmente as políticas relacionadas ao trabalho e educação. Buscou-se analisar a inserção do Projovem Adolescente como uma política governamental entre assistência social e educação. Colocou-se em pauta o que essa política assumiu como característica dentro de uma concepção hegemônica diante das mudanças no mundo do trabalho nas últimas décadas, o que demandou enfocar o Estado Neoliberal e a Mundialização do Capital. Procurou-se compreender neste estudo a política de formação de jovens e adultos, desenvolvida por meio de programas federais e executadas pelos municípios. À luz do materialismo-histórico dialético, o estudo teve como estratégia a pesquisa de campo realizada nos coletivos de Projovem do Município de Corumbá (MS), através de entrevistas com os jovens (alunos), os orientadores sociais, técnicos de referência, os responsáveis dos jovens, professores e gestores de assistência social do município. Como resultados podemos apontar que a implantação do Programa em Corumbá (MS) atendeu às orientações metodológicas naquilo que é o básico e orientado pelo traçado metodológico, pensado e elaborado em nível federal para aplicação nos municípios obedecendo a territorialização e a matricialidade sociofamiliar. Apesar dos percalços estruturais, de recursos humanos e recursos financeiros ao longo dos 7 anos em Corumbá-MS, o programa foi-se adequando à proposta, que, do ponto de vista dos orientadores não atendiam às demandas dos jovens do município em suas especificidades, indicando a contradição inerente ao método do programa. Quanto ao acesso à escolarização, à valorização social e ao vínculo com o mundo do trabalho, o programa propôs a inclusão através do incentivo em relação ao estudo, à qualificação, no entanto reproduziu ações focalizadas, descontinuadas, descentralizadas acabando por traduzir a subalternidade das camadas populares da classe trabalhadora. Embora os jovens que participaram do Programa tenham uma visão positiva do mesmo, evidenciamos que o Projovem Adolescente como uma política de EJA reflete as ações fragmentadas voltadas para a classe trabalhadora, reproduzindo as classes sociais, nas quais as camadas populares continuam subalternas, muito embora existam novas configurações da ordem capitalista, na qual não há exclusão, mas, a interferência cada vez mais acentuada do capital na formação profissional da classe trabalhadora, por meio da formação para o trabalho simples, para os pobres, fragmentada por modalidades e ofertas educativas das mais variadas, levando à maior subalternidade da classe trabalhadora.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Políticas Públicas para a Juventude; Mundo do Trabalho.