MARIA RITA FERREIRA DOS SANTOS – Prazer e sofrimento no trabalho de agentes de segurança e medidas socioeducativas (ASSE) em Mato Grosso do Sul
RESUMO
Em Mato Grosso do Sul os agentes de segurança e medidas socioeducativas atuam junto a adolescentes em privação de liberdade de maneira ampla, pois desenvolvem atividades voltadas tanto para a garantia da segurança como por ações de ressocialização junto aos internos. Partindo da contradição existente nas ações desses profissionais, as quais são guiadas ao mesmo tempo pela lógica punitiva e pedagógica, esta pesquisa tem por objetivo compreender e analisar os fatores que geram prazer e sofrimento psíquico no trabalho realizado por agentes de segurança e medidas socioeducativas em Mato Grosso do Sul, buscando compreender e analisar a relação subjetiva dos sujeitos com seu trabalho. Foi realizado um estudo qualitativo e exploratório, baseado na Psicodinâmica do Trabalho, e participaram da pesquisa 12 ex-agentes, recrutados a partir da técnica metodológica da Bola Neve (SnowBall). Depois de transcritas as entrevistas, o conteúdo foi analisado de acordo com a Análise do Núcleo de Sentindo, sendo priorizados os aspectos reais e simbólicos da interação do sujeito com o seu contexto de trabalho. De acordo com a análise, foi possível dividir as categorias em: condições de trabalho, organização do trabalho, relações socioprofissionais e estratégias de enfrentamento e defesa utilizadas diante dos sentimentos engendrados no trabalho. Os resultados demonstraram que os ex-agentes se caracterizavam apenas como profissional da segurança no ambiente de trabalho, visto que frente aos sentimentos de inseguranças e medo foram desenvolvidas estratégias como a banalização da agressividade e insensibilidade perante aos acontecimentos dentro do trabalho e também com as pessoas, assim como o cinismo e a racionalização como mecanismos de defesas. Quanto às condições de trabalho, foram consideradas como insuficientes e precárias, dispondo de pouquíssimo respaldo quando se era pedido ajuda, isso reflete também para as relações socioprofissionais, que, quanto aos colegas de trabalho, essas se restringiam a somente quando havia a necessidade de união para algum objetivo, com a chefia foi considerada apenas de obediência às prescrições, e quanto aos adolescentes foi de inteiro conflito, sem nenhum tipo de relação que favorecesse a realização da socioeducação para o referido público.
Palavra-chave: socioeducador; trabalho; psicodinâmica do trabalho; prazer e sofrimento.