POLYANA ANDREZA DA SILVA COSTA – VIOLÊNCIA NO COTIDIANO ESCOLAR: A VISÃO DE PROFESSORES QUE ATUAM NO ENSINO FUNDAMENTA DE ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE CORUMBÁ – MS
RESUMO
A violência escolar tem despertado interesse de pais, educadores e vários segmentos da sociedade civil. É um fato preocupante porque afeta, além do processo de ensino-aprendizagem, as relações interpessoais entre alunos e professores. A necessidade de refletir sobre essa questão inspirou a realização desta pesquisa que teve como objetivo saber o que os professores pensam sobre violência escolar, suas causas, manifestações, conseqüências e formas de enfrentamento. Trata-se de uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa, realizada em Corumbá-MS, por meio de entrevistas semi-estruturadas com professores do Ensino Fundamental. Na análise dos dados utilizamos as concepções de Bernard Charlot, Éric Debarbieux, Wanderley Codo e outros autores. Constatamos que na visão dos docentes a violência escolar vai além das agressões físicas e verbais, abrangendo a falta de respeito e todo ato que prejudique outrem. As manifestações de violência mais citadas foram as agressões físicas e verbais entre os alunos; as verbais contra os professores e as incivilidades. As principais causas do aumento dessa violência, segundo os professores, são: a desestruturação familiar, a falta de limites, a influência do contexto social e uma visão equivocada do ECA. As conseqüências da violência escolar para os professores são: profissionalmente, o trabalho pedagógico dificultado e a perturbação do clima escolar; e pessoalmente, sentimentos de tristeza, frustração e impotência; dores de cabeça, cansaço físico, tensão muscular, estresse e nervosismo. Apesar da maioria dos professores apresentarem esses sintomas, 80% dos entrevistados desejam continuar no magistério porque amam a profissão escolhida. As estratégias utilizadas pelos docentes para enfrentar a violência no cotidiano escolar são: conversas com os alunos, envio dos estudantes à coordenação pedagógica e solicitação do comparecimento dos pais à escola, porém, eles sugeriram diversas alternativas para o enfrentamento do problema. Conclui-se ser necessário o desenvolvimento de políticas públicas e de outras estratégias de prevenção e redução da violência nas escolas que favoreçam o clima escolar e as relações sociais, a fim de que a escola cumpra sua função e seja o que ela deve ser: lócus de aprendizagem, de socialização e de produção do conhecimento.
Palavras-chave: violência escolar; incivilidades; professores