TELMA IARA BACARIN – Filmes de animação da Barbie: normatizações e resistências aos modelos de feminilidade
RESUMO
A presente pesquisa inseriu-se no âmbito dos trabalhos do Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades, Educação e Gênero – GEPSEX/UFMS e teve por objetivo identificar nos filmes de animação da Barbie as possibilidades de vivências de feminilidades, bem como as possibilidades de resistências a um modelo único de vivência da feminilidade. As questões que nortearam a pesquisa foram: Quais as feminilidades que são veiculadas/produzidas nos filmes de animação da Barbie? De que forma essas feminilidades são legitimadas enquanto modelos para a vivência das feminilidades? Existe um modelo único nos filmes ou há a possibilidade de variadas formas de vivências de feminilidade e de ser menina/mulher? A pesquisa foi fundamentada teoricamente nos Estudos Culturais, Estudos de Gênero e nos pressupostos foucaultianos, utilizando os conceitos de gênero, feminilidade, pedagogias culturais, identidade e diferença, identidade de gênero, subjetivação, poder e resistência. Escolhemos os filmes por entendermos que são artefatos culturais e que, como tais, atuam na constituição das identidades, inclusive as de gênero, instituindo formas adequadas para a vivência das feminilidades e masculinidades. Tomamos como fonte para pesquisa os filmes de animação da Barbie produzidos entre os anos de 2001 a 2012, totalizando vinte e três obras analisadas. Para organizar nossas discussões e identificar os diversos elementos de feminilidades que os filmes possibilitam, fizemos a organização dos filmes em cinco agrupamentos de acordo com os temas que predominavam em cada um, apesar de que todos os filmes apresentavam mais de um dos elementos que consideramos em cada agrupamento. Os grupos formados foram: “Ensinamentos de feminilidade”; “Renúncia de algo pelo bem comum”; “Amizade verdadeira”; “Amor romântico” e “Feminilidade diferente do modelo dominante”. Com base na nossa fundamentação teórica foi possível pensar em possíveis discussões e problematizações às perguntas formuladas. Identificamos que os filmes apresentam um impasse, pois à medida que proporcionam uma infinidade de maneiras para pensar em resistências e rupturas com modelos únicos de feminilidade, acabam, também, por reafirmar um modelo idealizado de feminilidade como desejável, qual seja, um modelo dócil, gentil, educado e altruísta. Contudo, entendemos que essa discussão é profícua no âmbito dos Estudos Culturais e Estudos de Gênero, pois possibilitam questionar e tencionar regras e padrões preestabelecidos para vivência das feminilidades e masculinidades, sobretudo nas instituições educativas com e para as crianças.
Palavras-chave: Feminilidades. Gênero. Filmes da Barbie.