AMANDA CZERNISZ BARBOSA – O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e a criança de cinco anos no ensino fundamental: a cultura escrita e seus (des)propósitos para a infância
RESUMO
Pesquisar sobre a apropriação da cultura escrita com crianças pequenas e suas vivências na infância é um desafio diante da realidade da Educação, especialmente em nosso estado, Mato Grosso do Sul, que busca, por meio das demandas vindas de famílias da classe média e média-alta, padronizar a educação pública. Este estudo tem por objetivo analisar a situação de crianças com cinco anos matriculadas no primeiro ano do Ensino Fundamental das escolas que participaram do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC nos anos de 2013 e 2014 e o trabalho com a cultura escrita. Como objetivo específico, buscamos identificar a prática dos/as professores/as alfabetizado-res/as e o trabalho com a cultura escrita nesse segmento, por meio de pesquisa documental nos relatórios gerados pelo Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação – SIMEC/SISPACTO. Nosso referencial teórico está subsidiado na abordagem histórico-cultural de Vigotski e seus colaboradores e em autores que estudam cultura escrita e formação de professores/as, articulando suas reflexões com discussões sobre infância e criança. A teoria torna-se nossa aliada para considerarmos a criança e sua infância no ciclo da alfabetização, apontando possibilidades para a formação continuada de professores/as do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Nossa pesquisa insere-se no tipo qualitativo com enfoque bibliográfico e análise documental. Como instrumentos de pesquisa, utilizamos os relatórios dos questionários respondidos pelos/as professores/as alfabetizadores/as do PNAIC por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação – SIMEC/SISPACTO. Ao finalizarmos este estudo, encontramos um aumento do número de matrículas das crianças de cinco anos no primeiro ano do Ensino Fundamental entre os anos de 2013 e 2014. Observamos ainda a diversidade da formação, ou, até mesmo, a ausência de formação, de professores/as atuantes no ciclo da alfabetização. Preocupamo-nos com a concepção de criança e infância na prática dos/as profissionais envolvidos e destacamos que a infância não se deve romper com a entrada das crianças no Ensino Fundamental, delegando a elas uma vida de treinos e repetições do desenho das letras e suas formas, sentadas em carteiras enfileiradas, mas considera-las como crianças que vivem e/ou devem viver plenamente sua infância.
Palavras-chave: Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; cultura escrita; teoria histórico-cultural; criança pequena.