EIZA NÁDILA BASSOLI – Vivências de prazer e sofrimento no trabalho do educador social de casas de acolhimento

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RESUMO

 

Esta pesquisa analisa sob a ótica teórico-metodológica da Psicodinâmica do Trabalho o prazer e o sofrimento envolvidos no labor dos educadores sociais de duas Casas de Acolhimento para crianças e adolescentes, localizadas em cidades distintas da região do Pantanal sul-mato-grossense. Para isso, buscou-se investigar as condições e a organização do trabalho, a diferença entre trabalho prescrito e real, a capacitação e formação, e a falta de regulamentação e valorização profissional, enquanto elementos geradores de custo afetivo, sofrimento patogênico e adoecimento ou de realização e prazer para os educadores sociais que lidam com crianças e adolescentes institucionalizados. Visando levantar as características socioeconômicas e demográficas foi aplicado um questionário de cunho qualitativo com perguntas relativas à formação acadêmica e ao trabalho dos indivíduos pesquisados, bem como utilizadas tais informações para complementar uma entrevista individual composta por perguntas semiestruturadas sobre a relação subjetiva estabelecida entre o trabalhador e a sua atividade laboral diária, a qual teve suas respostas gravadas e posteriormente apreciadas por meio da Análise de Núcleo de Sentido. Já para descrever o ambiente laboral e traçar o perfil de alguns fatores que pudessem estar contribuindo para o processo de adoecimento no trabalho, foi aplicado também o instrumento quantitativo Inventário sobre Trabalho e Risco de Adoecimento (ITRA). Assim, com base nos resultados alcançados pode-se constatar que as Casas de Acolhimento estudadas se caracterizam: 1) por uma organização de trabalho marcada por diferenças consideráveis entre o trabalho prescrito e real; 2) pela existência de relações socioprofissionais conflituosas entre os superiores hierárquicos e as educadoras sociais; 3) pela falta de reconhecimento do desempenho das educadoras sociais; 4) pela presença do custo afetivo acarretado ao trabalho; 5) pela apresentação de custo cognitivo advindo da necessidade do uso constante da criatividade e da inteligência prática e; 6) pela realização profissional interligada à identificação com as tarefas executadas e ao orgulho pelo trabalho realizado. Nesse sentido, visando combater o sofrimento e alcançar o aumento do prazer das educadoras sociais, conclui-se que há a necessidade de se reivindicar a efetivação de alguns processos e condições de trabalho já prescritos para o serviço, construir e estabelecer um espaço para a fala, apoio, orientação e a troca de experiências entre os membros da equipe e, empenhar-se na busca pela regulamentação profissional deste ofício.

Palavras–chave: Educação não formal. Psicodinâmica do Trabalho. Assistência Social.