GUILHERME AFONSO MONTEIRO DE BARROS MARINS – A Universidade Aberta do Brasil como programa educacional do ensino superior para a manutenção da hegemonia do capital
RESUMO
Este trabalho trata das relações estabelecidas entre o modelo de educação superior da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Processo de Bologna (PB). Através da análise de documentos oficias da implantação da UAB e do PB, bem como de documentos internacionais das agências e instituições envolvidas com a implantação do PB e de Organismos Multilaterais, nossos objetivos são: compreender as relações existentes entre a proposta da Universidade Aberta do Brasil e as demandas de mundialização e financeirização do capital, objetivadas pelo Processo de Bologna; analisar o contexto social e econômico brasileiro, associado ao processo de mundialização e financeirização do capital que possibilitou a criação da UAB; apresentar as características que sustentam as propostas do Processo de Bologna e da UAB. Para o desenvolvimento da pesquisa, destacamos as seguintes categorias de análise: participação e responsabilização; qualidade e resultado; e padronização. Alicerçados em uma perspectiva materialista histórico-dialética, principalmente a partir das contribuições de Antonio Gramsci, destacamos as relações existentes entre o processo de mundialização do capital e a educação, aliadas ao desenvolvimento do papel do Estado em prol da manutenção hegemônica social e econômica. Especificamente na análise brasileira, a partir de 1990, enfatizamos como o Estado vem se (re)configurando frente às mudanças requeridas pelo capital – principalmente o internacional – e as reformas e os programas que visam a uma transformação do seu papel desempenhado nas políticas sociais. Concluímos que, guardadas as diferenças que interferem na adoção das políticas educacionais no Brasil e na Europa, fica evidente que a forma como ocorreu a implantação do programa UAB aproxima-o da proposta neoliberal de educação superior voltada à financeirização do capital: o Processo de Bologna. Não somente pelo fato de as regiões compartilharem e aceitarem a pressão dos OM como propagadores da perpetuação do capital, mas pela forma com que foram conduzidos os processos de implantação dos programas educacionais, pela maneira como as instituições privadas participaram dos programas e pelo modelo de encarar a educação, subalterno aos discursos da educação para uma ‘nova sociedade’ e para a criação de ‘novos sujeitos’.
Palavras Chaves: Internacionalização da Educação, Padronização do Ensino Superior, Universidade Aberta do Brasil.