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RESUMO

Esta pesquisa de mestrado teve como objetivo identificar, registrar e analisar as percepções de alunos do ensino médio de uma escola pública estadual situada em Corumbá, MS, em relação ao tema ‗pobreza‘ e, a partir dessa análise, compreender como os jovens se percebem dentro de um sistema de produção que gera desigualdades sociais. Para fins deste estudo, partiu-se do entendimento de que a pobreza é multidimensional e abrange não somente a dimensão econômica, mas também a social e cultural, e que suas causas estão diretamente relacionadas ao sistema de produção capitalista. Estudos comprovam que a escola, em geral, caminha no sentido de invisibilizar a pobreza, agindo como se esta não existisse e transferindo ao aluno ou à família a culpa por sua condição social, contribuindo para a disseminação de um discurso meritocrático que responsabiliza o aluno pobre por seu fracasso escolar. Diante desse contexto, buscou-se ouvir a voz dos jovens que vivenciam experiências de pobreza em seu dia a dia, de modo a averiguar a hipótese de que, influenciados pela escola, os alunos reproduzem o discurso de culpabilização do indivíduo por sua condição de pobreza. Para coleta de dados foram utilizados questionário e entrevista grupal, ambos aplicados a 14 estudantes do terceiro ano do ensino médio, de 16 a 20 anos de idade. O questionário revelou que os educandos vivenciam experiências de pobreza, evidenciadas por indicadores de renda, condições de moradia e impossibilidade de escolhas para seu futuro. As falas registradas na entrevista mostraram que, ainda que os currículos escolares não trabalhem a pobreza em toda a sua complexidade como questão social, política e econômica, os entrevistados majoritariamente percebem que a condição social que vivenciam não resulta de sua falta de esforço ou baixa capacidade, mas decorre do não acesso a direitos sociais básicos. Embora a escola e os meios de comunicação não ofereçam instrumentos para que os jovens reflitam criticamente sobre sua realidade, suas vivências de pobreza servem de base para que desenvolvam um processo de conscientização. Frente aos achados, recomenda-se que as experiências de pobreza da juventude sejam mais reconhecidas nos currículos escolares, para que neles os coletivos empobrecidos se reconheçam como sujeitos da história, possibilitando que não apenas compreendam sua própria realidade, mas que também procurem transformá-la.

Palavras-chave: Educação; Pobreza; Ensino Médio; Escola Pública; Juventude.

ABSTRACT

The purpose of this master‘s thesis was to identify, record, and analyze the perceptions held by high-school students attending a public school in Corumbá, Mato Grosso do Sul state, Midwest Brazil, towards the theme ‗poverty,‘ and, from this analysis, determine how the young perceive themselves within a production system that generates social inequality. The study drew on the premise that poverty is a multidimensional phenomenon not limited to the economic dimension, but also encompassing social and cultural spheres, and that its causes are directly related to the capitalist mode of production. Studies have demonstrated that the school system tends to render poverty invisible, operating as if the problem does not exist, while transferring to students or their families the blame for their social status, thereby helping disseminate a meritocratic discourse that holds low-income students accountable for their academic failures. Integral to this investigation was an effort to listen to young people who experience poverty in their daily lives, in order to test the hypothesis that the school system influences students into reproducing a discourse which blames individuals for their situation of poverty. Data were collected from 14 third-year high-school students aged 16 to 20 years by a questionnaire and group interview. The questionnaire findings revealed that poverty is experienced by these students, as evidenced by income indicators, housing conditions, and an impossibility of making choices for their future. The interviews showed that, although school curricula fail to address poverty in all its complexity as a social, political, and economic issue, most students perceived their social situation as stemming from inaccessibility to basic social rights and not from insufficient effort or low ability. Although neither school nor the media offer effective tools for the young to reflect critically on their reality, their experiences of poverty provide a common ground for an awareness-raising process. The findings provide evidence for recommending that the experiences of youth poverty be better acknowledged in school curricula, so that poverty-stricken collectives can recognize themselves as subjects of history, enabling their members not only to understand their own reality, but also seek to transform it.

Keywords: Education; Poverty; High school; Public school; Youth.

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