REGIANE APARECIDA COSTA ANDRADE – Contribuições da tradição marxista para a compreensão da relação homem-natureza – princípios norteadores para embasar uma proposta crítica de educação ambiental
RESUMO
Esta pesquisa tem o objetivo de analisar as contradições da relação homem-natureza sob o modo de produção capitalista, estabelecendo o trabalho como categoria central no intercâmbio entre as sociedades humanas e a natureza, ao mesmo tempo em que visa analisar o papel da educação ambiental frente à crise do capitalismo contemporâneo, considerando aspectos do desenvolvimento mais recente da produção teórica no campo educacional no Brasil. Para isso, recorremos à análise da produção apresentada no GT 22, de Educação Ambiental, da ANPEd, no período 2008-2012, para identificar as concepções de educação ambiental que estabelecem relação com a temática da crise ambiental, bem como analisar quais as perspectivas de estratégias de enfrentamento da crise ambiental vêm sendo propostas pela educação ambiental no meio acadêmico.Baseando-se na aplicação dométodo do materialismo histórico-dialético, adotamos como estratégia metodológica de investigação a revisão da literatura, que toma por base as reflexões do próprio Marx, e as de autores que centralizam a discussão sobre o desenvolvimento da ordem capitalista, para também compreender os problemas de ordem sócio-ambientais e educacionais. Os dados foram coletadospor meiode um levantamento bibliográfico nas produções acadêmicas do GT 22 de Educação Ambiental da ANPEd, durante o período de análise investigado. Os resultados mostraram que as diferentes concepções de educação ambiental assinaladas pela produção teórica da educação ambiental apresentam, em sua maior parte, discursos com traços críticos, mas que acabam recaindo em visões conservadoras, que vem orientando práticas educativas comprometidas com a manutenção da organização econômica vigente. Constata-se, ainda, que alguns trabalhos apresentam uma perspectiva crítica para a educaçãoambiental, comprometidos com o processo de transformação da sociedade, apresentando um reconhecimento explícito que a crise ambiental é uma consequência da lógica de acumulação do capital, que precisa ser superada. Conclui-se, desse modo, que o desafio para a concretização de um novo patamar societário que supere a dicotomia das relações homem e natureza, consiste em buscarem-se meios concretos de se promover práticas educativas que avancem além do incentivo em promover mudanças comportamentais, por meio da proposta da educação ambiental crítica que tem como horizonte nortear suas práticas na direção de superar o processo ideológico imposto por essa lógica de acumulação que avança precarizando a força de trabalho e degradando o meio ambiente.
Palavras chave: meio ambiente, educação ambiental, crise do capital.