FRANCIELE ARIENE LOPES SANTANA – Trabalho e desgaste em docentes de instituições públicas de educação superior brasileiras

Postado por: gabrielaosinaga

RESUMO
O trabalho docente na universidade é permeado por atribuições que não envolvem apenas as atividades de sala de aula. Isso por si só não é preditor de doenças, desde que se tenha um ambiente que permita o livre desenvolvimento das atividades laborais de modo seguro. Contudo, estudos apontam que aspectos deste trabalho têm levado ao adoecimento, em decorrência das situações encontradas no seu cotidiano. Esta dissertação teve o propósito de investigar e analisar a relação entre as situações de trabalho e o desgaste docente nas Instituições Públicas de Educação Superior Brasileira. Para tanto realizamos uma metodologia de Revisão Integrativa de Literatura em nove bases de dados, a soma bruta foi de 2.892 publicações encontradas de acordo com o cruzamento de descritores eleitos. Desse total, apenas 76 textos estavam dentro dos critérios de seleção e foram incluídos para as análises, sendo possível notar tendência de análises para assuntos englobando “Saúde e Trabalho”, em 4 subgrupos de interesse por nós organizados a partir da análise das publicações: a) questões gerais de saúde, b) categoria trabalho, c) desgaste, estresse, transtornos mentais, e, d) qualidade de vida. A partir da categorização foi possível constatar que a maior frequência de problemas tem relação com o desgaste psíquico. Ao analisar e correlacionar as cargas de trabalho e o desgaste citado pelos estudos, foi possível a realização da análise das situações de trabalho expressa nas experiências subjetivas relatadas frente às condições, gestão, política econômico-social, em que a reestruturação da universidade, o produtivismo e a sobrecarga exercem fator determinante no adoecimento e desgaste dos trabalhadores. Deste modo as publicações também focaram em análises de Políticas Educacionais, Avaliação da educação superior, REUNI e Formação Docente, que configurou um segundo núcleo de interesse. No qual, foi recorrente o aparecimento de fenômenos como precarização, flexibilização, sobrecarga, intensificação e produtivismo acadêmico. À luz de campos como saúde do trabalhador, saúde coletiva, psicologia, marxismo, fomos levados a refletir que as situações de trabalho da docência tem se modificado conforme as mudanças do setor produtivo, sendo que a natureza das transformações gera consequências para a saúde dos docentes. Observamos acometimentos à saúde ligados às condições físicas desgastantes, no entanto a maior proporção de adoecimento está ligada as questões da organização que tem maior relação com o desgaste psíquico. O percurso da conformação é manejado pelos modelos de produção que se articulam para naturalizar as condições impostas, para desmotivar as resistências ou, quando muito, remediar as implicações na saúde. Todavia, o caminho das resistências também vem construindo bases para a luta pela saúde docente. Neste sentido, novos estudos precisam ser realizados para amparar formas de enfrentamento destas realidades desgastantes. É preciso que políticas públicas em saúde do trabalhador sejam desenvolvidas no âmbito da universidade pública brasileira, que mesmo sendo um espaço de desenvolvimento de ciência não está imune das exigências impostas pelo mundo do trabalho.
Palavras-Chave: Saúde e Adoecimento Docente – Situações de Trabalho – Instituições Públicas de Educação Superior – Universidade Pública – Saúde do trabalhador.